Artigos

Início Artigos

A história das orquídeas

0

Este artigo é um compilado de vários textos, contando um pouco da história e dos encantos das orquídeas.

A palavra orquídea tem origem no vocábulo grego “orkhis“, que significa testículo. Tal palavra parece referir-se à Orchis morio, uma orquídea que ainda pode ser vista naquela região. O nome da família, Orchidaceae, foi assim estabelecido pelo fato das primeiras espécies conhecidas possuírem duas pequenas túberas (espécie de calo) gêmeas, que na visão dos povos que as descobriram sugeriam os testículos humanos. Essa família é a maior e mais diversificada de todo o universo das plantas florais, com mais de 25 mil espécies observadas até agora. A cada ano, cerca de 300 novas espécies são acrescentadas à esta lista, e alguns cientistas estimam que mais de cinco mil novas orquídeas ainda não foram descobertas. Mais de 100 mil orquídeas híbridas já foram cultivadas por especialistas em floricultura.

Supõe-se que a história da cultura das orquídeas tenha começado no extremo oriente, sobretudo no Japão e na China, há cerca de 4000 anos, e tem fascinado os homens desde então. Foram utilizadas no passado em poções curativas, afrodisíacos, para decoração e ocuparam grande papel nas superstições. E, por muito tempo, a ciência acreditava que todos os seus segredos haviam sido revelados.

Entretanto, novas descobertas sugerem que as orquídeas surgiram quando os dinossauros ainda percorriam a superfície do planeta, ou seja, muito antes do que se acreditava. Uma investigação na República Dominicana revelou, perfeitamente preservados, no interior de uma pedra de âmbar (parece coisa do filme Jurassic Park), grãos do pólen de uma orquídea grudados nas asas de uma abelha datada de 20 milhões de anos. Até então, os botânicos especializados em história das plantas eram obrigados a basear os seus cálculos em alguns poucos exemplares fossilizados na tentativa de detectar a origem dessas plantas, mas esta descoberta indicou que as orquídeas surgiram em tempos muito remotos. Mais alguns vestígios fósseis foram encontrados, datando do período entre o Jurássico, da era Mesozoica (de 195 a 136 milhões de anos), e o período Cenozoico (64 milhões de anos).

Sua relação com a humanidade iniciou, obviamente, muito depois. A relação homem orquídea teve início, provavelmente, na costa do Mar Mediterrâneo, onde Orchis e Ophrys são nativas ou, então, na China, com o Homem de Pequim.

Há cerca de 4 mil anos, a palavra “lan“, que significa orquídea em chinês, foi citada pelo imperador chinês Sheng Nung, ao dar alguns conselhos sobre o uso do Dendobrium com finalidade medicinal. Não se sabe ao certo quando ela passou a ser cultivada pelo homem e nem se este cultivo foi motivado por razões estéticas ou apenas medicinais. O célebre filósofo Confúcio (551 a 479 a.C.) também faz algumas referências às orquídeas em poemas, principalmente ao seu perfume. Confúcio cultivava orquídeas em casa e disse certa vez que “ligar-se a uma pessoa superior é como entrar em um jardim de orquídeas”.

O primeiro registro no ocidente encontra-se no Enquiry Into Plants (Pesquisa sobre Plantas), pelo filósofo e naturalista grego escrito por Teofrasto, discípulo de Aristóteles, cerca de 300 a.C. Teofrasto é considerado o pai da Botânica. Teofrasto usa a palavra “orchis” para denominar certas espécies. “Orkhis” é a palavra grega para testículos e, apesar dele ter sido o primeiro a mencioná-las, possivelmente não foi o primeiro a observar a semelhança entre as raízes de certas orquídeas terrestres, que vegetam sobretudo nas zonas temperadas da Europa, e os testículos. Ainda hoje, estas espécies são conhecidas pelo mesmo nome: Orchis maculata, simia, mascula, spectabilis e dele derivou o nome de toda família: “Orchidaceae”. Naquela época, as pessoas acreditavam que esses “tubérculos” existentes nas orquídeas locais tinham poderes afrodisíacos e então os usavam na alimentação.

Após a obra de Teofrasto, apareceu uma obra intitulada “De Matéria Médica”, escrita entre 50 e 70 d.C., onde o autor, um médico grego de nome Pedanius Dioscorides e que serviu como cirurgião do exército romano, reuniu informações sobre 500 plantas ditas medicinais, entre as quais se incluíram duas “orchis” – orquídeas. Dioscorides era especializado em botânica medicinal, e usava as orquídeas no tratamento de problemas sexuais. Esta obra foi um referencial da área até a Idade Média.

No século III, um manuscrito chinês de botânica menciona duas espécies que hoje são conhecidas como Cymbidium ensifolium e Dendrobium moniliforme. Desde então, a palavra chinesa para orquídea “lan” já aparece no herbário chinês. Em outros livros chineses, datados de 290 a 370 de nossa era, há referências diretas às orquídeas. Apesar das inúmeras citações também feitas aos gêneros Vanda e Dendrobium, o Cymbidium foi sempre o mais citado dos três. Mais tarde, durante a Dinastia Sung (960 à 1279), apareceram alguns trabalhos dissertando sobre as orquidáceas, abrangendo os mais diversos aspectos dessas plantas.

Antes dos espanhóis conquistarem o México, a fruta de “Tlilxochitl”, uma espécie de Vanilla, era a mais estimada dentre as especiarias astecas. Este povo admirava também as “Coatzontecomaxochitl”, Stanhopea, como flores sagradas as quais cultivavam em seus jardins. Os astecas utilizavam também algumas espécies de orquídeas para fabricação de cola. Antigas inscrições astecas falam de como a fava da Vanilla era usada pelos seus ancestrais para perfumar a bebida feita a partir do cacau. Os Maias também a utilizavam, e as chamavam de “sisbic”.

Os colonizadores espanhóis foram responsáveis pela introdução da utilização da fava de Vanilla – baunilha – na Europa. Em 1552, no “Manuscrito de Badianus”, pela primeira vez na literatura do Ocidente foi mencionada uma orquídea originária do novo mundo, a Vanilla. Este primeiro estudo sobre a flora da América do Sul. informava que ela era usada como especiaria, como perfume e sob a forma de poção, indicada para se ter uma boa saúde.

A descoberta de novos mundos, durante a Grande Era da Navegação, levou outros gêneros de orquídeas, principalmente epífitas até então desconhecidas, a fazer parte do universo europeu, que só conhecia as “orchis” terrestres. A primeira a alcançar a Europa foi a Bletia verecunda, oriunda das Bahamas, em 1731. Esta floresceu em 1732, na Inglaterra. Tratava-se de uma orquídea nativa, descoberta nas Índias Ocidentais. Outros indicam como sendo a Brassavola nodosa, no século XVII, na Holanda. No século XVIII, foram introduzidas na Europa várias espécies trazidas da China e das Antilhas e em 1794, 17 espécies estrangeiras já eram cultivadas no Jardim Botânico Real de Kew, na Inglaterra.

Em 1735, o famoso botânico sueco Lineu (Linnaeus, ou Carl von Liné), no seu trabalho “Species Plantarum”, começou a estabelecer a primeira classificação das plantas usando um nome genérico seguido de um nome específico, empregando então pela primeira vez a palavra Orchis para designar um gênero de orquídeas, e citando 62 espécies diferentes nesse seu trabalho. Mais tarde Jussieu usou esse nome para designar toda a família Orchidaceae.

Em 1805, Robert Brown descobriu que as orquídeas tropicais eram epífitas, mas a crença de que elas seriam parasitas persistiu por muito tempo e ainda hoje muitas pessoas continuam acreditando nisto. Só a partir de 1818, o cultivo da orquídea começou a ser realmente difundido na Europa, quando William Cattley conseguiu fazer florir uma Cattleya labiata cujos bulbos chegaram até ele entre as folhagens que foram usadas para embalar um carregamento de plantas vindas do Brasil. A planta, batizada em homenagem ao botânico que a descobriu, foi o ponto de partida para uma verdadeira mania de caça a espécies ainda mais exóticas. Missões eram enviadas aos trópicos para buscarem orquídeas para um público ávido de consumí-las. Muitos habitats foram destruídos para que o preço delas não baixassem e para que a espécie colhida ficasse cada vez mais rara. Muitas orquídeas morriam no transporte pois não se fazia a menor de idéia de como elas deveriam ser transportadas nem como deveriam ser cultivadas. No mesmo século, alguns cultivadores passaram a se interessar em obter informações dos viajantes coletores de plantas sobre o habitat das orquídeas para, a partir daí, começarem a desenvolver uma técnica de cultivo mais adequada às espécies epífitas. Joseph Paxton, jardineiro de 7º Duc de Devonshire, estimulado por John Lindley e baseado nestas informações melhorou as condições de ventilação, rega e umidade. Em 1830, ele foi o primeiro a utilizar estufas separadas para espécies de climas diferentes.

Em 1830, John Lindley, botânico e taxonomista, fez a primeira classificação das orquídeas. Ele escreveu diversos livros sobre plantas mas foram seus trabalhos sobre orquídeas que mais lhe renderam fama, sobretudo “O gênero e espécies das plantas orquidáceas”. Ele deixou um livro inacabado mas que é ainda assim considerado um clássico da botânica, “Folia Orchidacea”. Além disto, ele é o responsável pelo estabelecimento de mais de 350 orquídeas brasileiras, ou seja, mais que 10% de todas as nossas espécies conhecidas até os dias de hoje. Darwin, em 1862, publicou “The Various Contrivances by which Orchids are fertilized by Insects”. Foi a primeira contribuição essencial para o conhecimento e compreensão das estratégias empregadas na propagação das espécies. A partir deste momento, cientistas, botânicos, jardineiros e coletores de plantas seus nomes ligados a estas plantas, como por exemplo:

  • John Lindley (Gênero: Lindleyella, Neolindleyella, Espécies: Barkeria lindleyana, Cattleyopsis lindleyana, Maxillaria lindleyana, Epindendrum Lindleyanum, Odontoglossum lindleyanum, Sobralia lindleyanum, Bulbophyllum lindleyanum);
  • Loddiges (Catlleya loddigesii);
  • Skninner (Cattleya skinneri);
  • Gould (Laelia gouldiana);
  • Sander (Vanda sanderiana, Paphiopedilum sanderiana).

Através dos anos, muitas pessoas eruditas participaram da classificação e da denominação do crescente número de orquídeas trazidas; de regiões tropicais, deixando-nos um legado de realizações substanciais. O cultivo de novas variedades teve início na última metade do século XIX, proporcionando um rápido avanço e produzindo uma infinidade de tipos. O critério de registro da Royal Hortícultural Society tem-se mantido até a presente data, conservando um padrão inigualável no mundo da floricultura.

Talvez pelo fato das plantas ocuparem um lugar importante no estilo de vida inglês e ser a Inglaterra, por esta razão, um país cheio de jardins, foi lá que se deu o grande interesse por estas belíssimas e até então desconhecidas orquídeas. Durante este século, a Inglaterra permaneceu como sendo o principal país importador, seguida da Holanda e da Bélgica.

No século XIX, tomou-se mais fácil importar orquídeas dos trópicos, e o progresso na fabricação de vidros facilitou a construção de estufas. As pessoas de alto poder aquisitivo e a aristocracia sentiram-se motivadas a cultivá-las, a ponto de competir na coleta de espécimes raros e bonitos. Embora aristocratas e eruditos tenham organizado expedições por regiões tropicais ainda inexploradas à procura das flores, a maior contribuição veio de coletores contratados por negociantes de orquídeas. Essas pessoas solitárias trabalhavam meses ou anos, arriscando suas vidas. Embora as recompensas fossem substanciais, caso encontrassem espécimes raros, muitos deles se deparavam com um trágico destino, após uma longa e solitária viagem. A Skinner (Skinneri) é uma das muitas plantas cujos nomes foram mantidos através dos séculos para homenagear coletores de orquídeas. Ainda no mesmo século, o checo Benedict Roezl deu a volta ao mundo para coletar mais de 800 espécies de orquídeas. Hoje, cerca de 40 plantas trazem o seu nome. Mais ou menos na mesma época, o botânico inglês John Day devotou toda a sua vida às plantas, criando uma série de mais de 50 álbuns contendo cerca de três mil belíssimos e bem detalhados desenhos e aquarelas.

Em 1906, foi publicado o volume III da “Flora Brasiliensis”, a primeira grande obra dedicada exclusivamente às orquídeas brasileiras e inclui descrição das plantas e apresentação de desenhos. A coleção de 40 volumes foi iniciada por Von Martius, e diversos cientistas trabalharam em sua conclusão. Coube a Cogniaux completar o estudo sobre as orquídeas, que contou com a colaboração de Barbosa Rodrigues, que cedeu seus desenhos e aquarelas. Barbosa Rodrigues (1842-1909), além de ter sido um importante botânico e respeitabilíssimo diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, deixou um legado muitas obras científicas nos mais diferentes campos (arqueologia, entomologia, zoologia, botânica e história) e também aquarelas e desenhos onde ele aliava o rigor científico a um agudo senso artístico. Os originais de suas aquarelas, recuperados pela Universidade da Basiléia, Suíça, foram publicados em 2 volumes – “Iconographie des Orchidées du Brésil” – depois de 6 anos de pesquisas, de trabalho e de longas negociações diplomáticas. São 380 aquarelas documentando 700 espécies de orquídeas e que ficaram praticamente inéditas durante 100 anos.

Em 1921, foi fundada nos Estados Unidos uma sociedade orquidófila chamada American Orchid Society (AOS), que passou a congregar a orquidofilia americana. Com o decorrer dos anos, ela se estendeu e passou a ter força mundial. Hoje temos espalhados pelo mundo uma infinidade de sociedades orquidófilas, que de certa forma se reportam a centralização da AOS. Houve então, um grande incremento no cultivo de híbridos, principalmente com a descoberta da cultura assimbiótica, por Knudson, em 1922, que foi divulgada no Congresso Internacional de Ciências Botânicas, reunido em Ithaca, em 1926, sob o título “Physiological investigations on Orchid seed germination”.

Hoje, as espécies estão voltando a ter o seu lugar nas coleções de orquídeas. Os híbridos são mais explorados pelos estabelecimentos comerciais, para corte de flores e aluguel de plantas. O mercado amador sofreu uma profunda mudança, porque, grande parte dos orquidófilos já produzem suas próprias plantas.

A evolução da propagação

Até o fim do século XIX, a germinação das sementes das orquídeas era um mistério. Em 1899, um biólogo francês, de nome Noël Bernard, examinando umas plântulas no microscópio, percebeu, com surpresa, a presença de filamentos envolvendo suas raízes: um fungo, identificado mais tarde, como Rhizoctonia. A partir de suas observações publicou-se diversos estudos descrevendo a natureza e o papel desempenhado pela associação orquídea-fungo na germinação das sementes. Seu trabalho, resultado de 10 anos de pesquisa, foi publicado em 1909 e explicava a associação entre as orquídeas e o fungo (micorriza). Foi um grande revolução na cultura das orquídeas e seu trabalho abriu caminhos para novos estudos.

O alemão Hans Burgell prosseguiu com os estudos e elaborou um outro método também utilizando a cultura de fungo para fazer germinar as sementes. Mas em 1922, a fórmula de Lewis Knudson (cientista americano) suplantou todas as outras. Utilizando uma gelatina estéril contendo sais minerais e açúcares, podia-se reproduzir em laboratório os mesmos efeitos do tal fungo, possibilitando a germinação. Outras soluções foram desenvolvidas, algumas bastantes eficazes mas a maior parte é baseada no método de Knudson.

Com a Primeira Guerra Mundial, devido à carência de combustível para manter as estufas, muitas coleções foram perdidas. Nas Américas, inclusive nos Estados Unidos, onde não ocorreu esta carência, o interesse pela orquídea foi despertado e diversos viveiros foram criados em todos os continentes sobretudo nas áreas tropicais. Houve grande progresso na hibridização de orquídeas que passaram a ser cultivadas em maior escala.

Em 1960, Professor George Morel, outro botânico francês, descobriu uma maneira de obter centenas de espécies idênticas a partir de uma só planta mãe, através da cultura meristêmica, sem haver necessidade de recorrer à germinação da semente. Trata-se de um método difícil que necessita de muitos equipamentos e só pode ser executado em laboratório. Obtêm-se mudas a partir da cultura do meristema ou mesmo de uma ponta da folha. Meristema é um tecido vegetal cujas células se multiplicam de forma rápida e intensa, é uma bolinha de aproximadamente 1 milímetro de diâmetro, localizada no interior da gema.

Referências

  • wikipedia.org
  • delfinadearaujo.com
  • orquidario.org
  • revistaplaneta.com.br
  • damianus.bmd.br

Abraços!

Como preparar calda de fumo

4
orquideas.eco.br - Como preparar calda de fumo

Existem várias receitas de calda de fumo por aí, bastando você escolher uma e testá-la. Vou colocar duas aqui que, embora um pouco diferentes, deverá ter o mesmo resultado. Deverá ser pulverizada em toda a planta por dias seguidos, até o total extermínio da praga em questão. No fim deixo outro vídeo mostrando mais uma forma de fazer a calda de fumo. O objetivo é o mesmo, combater percevejos, besouros, pulgões e cochonilhas.

Calda de fumo – receita sem álcool

Ingredientes

  • 1 litro de água;
  • 10 centímetros de fumo de rolo, ralado;
  • ½ sabão em barra, ralado.

Modo de preparo

Faça um macerado com todos os ingredientes e deixe-o descansar por 24 horas. Com a calda resultante, pulverize suas plantas. O sabão é usado para facilitar a permanência da água de fumo nas folhas e caules. Pulverize sobre as plantas.

Calda de fumo – receita com álcool

Ingredientes

  • 250 g de fumo de corda;
  • 100 ml de álcool hidratado (comum);
  • 1 litro de água fervente;
  • detergente comum.

Modo de preparo

Pique o fumo de corda e coloque-o em uma vasilha com tampa. Acrescente a água fervente e tampe, deixando a mistura em repouso por 24 horas. Depois disso, agite o conteúdo e filtre-o em pano fino espremendo bem para retirar o máximo de extrato. Acrescente o álcool, que servirá de conservante para a solução. Guarde-a em um frasco escuro. Para o tratamento das plantas infestadas, dilua 100 ml da solução de fumo em 1 litro de água. Acrescente dez gotas de detergente caseiro (para quebrar a tensão superficial da água) e pulverize sobre as plantas.

Vídeo sobre o preparo da calda de fumo

Não vou entrar no mérito se é bom ou não usar a calda de fumo em suas plantas, mas caso você queira saber mais, é interessante ler o artigo de Rosana Kunst, sobre o lado ruim de se usar a calda de fumo. É só clicar aqui.

Referências

  • greenme.com.br
  • comofazerhorta.com.br

Abraços!

Louva-a-deus orquídea

2
orquideas.eco.br - Louva-a-deus orquídea

Em seu relato das peregrinações no Oriente 1879, o escritor de viagens James Hingston descreve como, no oeste de Java, ele passou por uma experiência bizarra:

“Estou no jardim, contemplando várias plantas e, entre outras coisas, uma flor, uma orquídea vermelha. Eis que ela captura e se alimenta de uma mosca viva. Em seguida, ela apoderou-se uma borboleta enquanto eu ainda estava presente, fechando-a em suas folhas bonitas mas mortais, como uma aranha teria envolvida-a em uma rede.”

Louva-a-deus orquídea: Hymenopus coronatus frupus, CC BY-NC

O que Hingston tinha visto não era uma orquídea carnívora, como ele pensava. Mas a realidade não é menos estranha ou fascinante. Ele tinha visto – e foi enganado por – um louva-a-deus orquídea, Hymenopus coronatus, não uma planta, mas sim um inseto.

O louva-a-deus orquídea já é conhecido há mais de 100 anos. Naturalistas famosos, como Alfred Russell Wallace, têm especulado sobre sua aparência extraordinária. Evitando o verde monótono ou marrom da maioria dos louva-a-deus, o Louva-a-deus orquídea é resplandecente em branco e rosa. As partes superiores das suas pernas são muito achatadas e são em forma de coração, parecendo com pétalas. Em uma folha seria altamente visível, mas quando sentado sobre uma flor, é extremamente difícil de ver. Nas fotos, o mantis aparece dentro ou ao lado de uma flor, desafiando sua identificação.

orquideas.eco.br - Louva-a-deus orquídea
Louva-a-deus orquídea

Mimetismo?

Esta é uma história evolucionária clássica e temos a pergunta a responder: o louva-a-deus orquídea evoluiu para imitar a flor – o que lhe permite esconder entre suas pétalas, alimentando-se de insetos que são atraídos por ela? O mimetismo por predadores é bem conhecido. Por exemplo, aranhas caranguejo camuflam-sem de acordo com a flor que estão, e podem mudar de amarelo para branco para combinar com sua flor hospedeira.

Infelizmente, não houve nenhuma evidência para apoiar esta hipótese. O louva-a-deus orquídea são raros, por isso o seu comportamento é pouco conhecido, exceto em cativeiro. Por exemplo, ninguém sabe exatamente qual flor ele supostamente imita.

orquideas.eco.br - Louva-a-deus orquídea
Louva-a-deus orquídea

Novos estudos apontam que o que temos imaginado estava errado todo esse tempo. Embora seja de fato um mímico de flor – o primeiro animal conhecido a fazer isso – o louva-a-deus orquídea não se esconde em uma orquídea. Aliás, ele não esconde nada. E para um inseto qualquer, ele nem sequer se parece como uma orquídea.

Uma atração fatal

O’Hanlon e seus colegas começaram a testar sistematicamente as idéias contidas dentro da visão tradicional do modus operandi dos louva-a-deus orquídea. Primeiro, eles testaram se eles realmente se camuflavam entre as flores ou se, alternativamente, atraiam insetos por conta própria. Para um inseto em busca da flor, como previsto, o padrão de cor mantis é indistinguível da maioria das flores comuns. No entanto, quando emparelhado ao lado da flor mais comum de seu habitat, os insetos aproximaram-se mais frequentemente do louva-a-deus orquídea do que das flores, mostrando que os louva-a-deus orquídea são atraentes para os insetos por si só, ao invés de simplesmente precisar se camuflar entre as flores.

Podemos observar claramente insetos, como abelhas, divergindo de suas rotas de voo e voar diretamente para este predador enganador“, segundo O’Hanlon. “Esses bichos são maravilhosos para esse tipo de atividade, porque podemos observar uma interação dinâmica entre predadores e presas.

orquideas.eco.br - Louva-a-deus orquídea
Louva-a-deus orquídea

Este fenômeno, conhecido como mimetismo agressivo, ocorre em outros animais. Por exemplo, há uma aranha que libera substâncias químicas que imitam os feromônios sexuais liberados por mariposas fêmeas que procuram um companheiro. Mariposas do sexo masculino, com suas antenas elaboradas e emplumadas, pode detectar esses feromônios há milhas de distância, e são atraídas para a sua morte.

Os pesquisadores também avaliaram onde o louva-a-deus orquídea escolhia para sentar. Surpreendentemente, eles não escolhiam se esconder entre as flores. Eles escolheram outros locais, como as folhas, com a mesma frequência. No entanto, sentado perto das flores trouxe benefícios, porque os insetos foram atraídos para a vizinhança – o “efeito imã“.

Qualquer flor afinal?

Quando compararam a forma e cor do louva-a-deus orquídea com flores a partir da perspectiva de um inseto, o predador não se parecia com uma orquídea ou mesmo qualquer espécie particular de flor, mas sim uma flor generalizada. Isso se encaixa com o que já sabemos: alguns dos melhores imitadores na natureza são imitadores imperfeitos, com características de diversas espécies como modelo.

Colocando modelos experimentais plásticos em campo, os pesquisadores descobriram que para o louva-a-deus orquídea a cor era muito mais importante do que a forma. Eles acreditam que o louva-a-deus orquídea não pode realmente imitar precisamente um determinado tipo de flor. Em vez disso, eles podem explorar uma brecha criada por ganhos de eficiência evolutivas dentro do cérebro do inseto.

orquideas.eco.br - Louva-a-deus orquídea
Louva-a-deus orquídea

Conclusões precipitadas

Entretanto, ainda há um problema que persiste: se o louva-a-deus orquídea pode atrair insetos por exploração sensorial sozinho então por que as partes do corpo que se parecem com pétalas? Talvez os polinizadores eram inicialmente atraídos a uma certa distância através da exploração sensorial, mas depois o mimetismo caía por terra quando o inseto estava mais próximo, quando podem inspecionar o louva-a-deus orquídea mais de perto para ver o que realmente é.

O importante é que cada espécie tem uma história emocionante para contar e pode ajudar a moldar a nossa compreensão de como o mundo natural funciona.

Referência

  • theconversation.com

Abraços!

Como cultivar orquídeas e tê-las sempre floridas

1

Lamento informar, mas se você entrou aqui sob o pretexto de saber qual o milagre no cultivo de orquídeas para vê-las floridas o ano inteiro, você caiu no truque mais usado nas redes sociais nos últimos tempos: o clickbait – ou prática usada para atrair tráfego por meio de títulos atrativos e promessas impossíveis.

A boa notícia é que fiz isso por um bom motivo: conhecimento. Mais conhecimento para você! E para não deixar você sem uma resposta, no final do texto vou dizer de forma bem simples como cultivar suas orquídeas e tê-las sempre floridas.

Primeiro, é importante contextualizar o porquê de eu escrever este texto. O leitor deve entender minha motivação ao compartilhar minhas ideias a respeito deste assunto, pois poderá concordar ou não, podendo ser frustrante para alguns ao final do texto.

O ônus e o bônus das redes sociais

Há algum tempo tenho visto um movimento de divulgação nas redes sociais de livros, cursos, apostilas, lives, enfim, conteúdo e mais conteúdo prometendo coisas que, sinceramente, beiram o impossível. Não são poucas pessoas fazendo isso. Por exemplo, se você é um usuário de Instagram e curte imagens de orquídeas, já deve ter esbarrado e contas com nomes sugestivos que pegam imagens da internet (inclusive minhas) e postam oferecendo a famosa fórmula secreta para ter orquídeas sempre floridas.

O texto é sempre meio padrão, inclusive repetindo erros de português e até colocando plantas que nem orquídeas são, falando que todos que desejam ter orquídeas como a da foto floridas o ano todo (outro absurdo, aliás), deve clicar no famoso link azul e comprar o manual de cultivo deles. Sim, tudo se resume a tentar vender um manual que é um apanhado de textos e fotos retirados da internet e muitas vezes não tem nenhum embasamento científico naquilo que oferece.

Ele só consegue cumprir um objetivo: enganar você!

Vale ressaltar que isso vai muito além do Instagram, acontece no Facebook, no Pinterest, no Twitter, enfim, qualquer rede social que a pessoal mal intencionada tenha acesso.

Entenda: quem faz este tipo de coisa não está preocupado com o cultivo da sua orquídea. Estas pessoas desejam apenas enganar você, vendendo algo que, além de ter conteúdo pirateado, é falho, prometendo coisas impossíveis e induzindo muitos a errar ainda mais em seu cultivo. São pessoas da mesma laia daqueles que dizem vender sementes de orquídeas, que você pode ler sobre clicando aqui, ou aquelas que coletam orquídeas na natureza, que você pode ler sobre aqui neste post.

Mas aí você pode se perguntar:

Mas o conteúdo é tão ruim assim?

Alguns dos conteúdos fornecidos até apresentam algumas informações que tem embasamento, afinal, são copiados de locais de confiança. Entretanto, como a premissa é normalmente prometer que você irá ter orquídeas floridas o ano inteiro – ou que você nunca mais irá perder uma orquídea, ele se torna uma obra de ficção e não reflete a realidade daqueles que realmente se dedicam ao hobby.

Por que não reflete a realidade?

A família das orquídeas é extremamente complexa. A grande maioria das espécies floresce apenas uma vez ao ano, se as condições de seu ambiente forem favoráveis a isso. Mesmo as que florescem algumas vezes ao ano precisam que as condições sejam favoráveis a isso. Pois bem, aí entra uma variável muito importante que não é abordada em nenhum manual genérico de cultivo: as especificidades de cada espécie. E entenda, eu disse cada espécie, pois mesmo de um mesmo gênero podemos ter grandes diferenças entre as espécies.

Cada orquídea é única e tem necessidades específicas de luz, temperatura, substrato, ventilação e umidade. Generalizar isso em um texto, prometendo que irá funcionar para todas as orquídeas, é criminoso, pois certamente irá matar mais plantas do que um cultivo específico. Este é o motivo que prego aqui e em minhas redes sociais: conheça a orquídea que você cultiva!

Aí entra outro fator: a procedência da planta que você compra. Orquidários sérios cultivam a planta desde a semente (ou cortes de plantas mãe) e estas orquídeas estão adaptadas ao cultivo fora da natureza. Coisa que quem compra de quem coleta na natureza não tem, além de levar muitas doenças para o resto da coleção (leia mais aqui).

Sabendo a procedência e o nome da planta, você poderá pesquisar em livros e em sites confiáveis a melhor forma de cultivá-la. E como cada espécie tem suas necessidades específicas, dificilmente você irá errar, coisa que o método genérico apresentado pelo método dos aproveitadores da Internet é incapaz de fornecer.

Mas aí você pode se perguntar:

E o que posso fazer a respeito?

Simples: denuncie! Todas as redes permitem que você denuncie perfis que fazem este tipo de coisa e as contas são canceladas. É importante fazer isso para que as informações disponibilizadas nas redes sejam úteis para todos de nossa comunidade, sem enrolação e enganação!

Abraços!

Pragas e doenças: prevenção e cuidados gerais

4

Infelizmente, todas as espécies vegetais são acometidas por um determinado número de pragas e patógenos. O grupo das orquídeas não é uma exceção à esta regra e, embora sejam plantas resistentes a muitas doenças que acabam com outros cultivares, são necessários cuidados para que não sofram consequências danosas.

Cerca de 130 doenças conhecidas afetam, em maior ou menor grau, as orquídeas. Estas doenças podem ser ocasionadas por fungos, bactérias ou vírus. Dada a complexidade do cultivo, é possível afirmar que não há coleção que não apresente um determinado número de plantas atacadas por doenças.

O maior problema das coleções de orquídeas são as infestações por fungos. Porém, também são eles os patógenos com mais chance de serem combatidos. Já a infecção viral, uma vez instalada, nada mais poderá ser feito para debelá-la. A única solução é a prevenção.

Considerando que a convivência com estas doenças é inevitável, é essencial conhecê-las e mantê-las sob controle, evitando assim o estresse com tratamentos mais agudos e perdas significativas.

Cuidados gerais

Em grande parte das vezes as doenças são associadas a estresses por fatores abióticos tais como variações bruscas de temperatura, exposição ao sol em demasia, excesso de umidade, excesso de nutrientes e salinidade do substrato pela administração excessiva de adubos. É muito importante o cuidado com as regas, a adubação e até mesmo aplicação de medicamentos em horários do dia em que a temperatura está alta ou que raios solares estejam incidindo sobre as folhas, afim de evitar queimaduras, possíveis portas de entrada para o patógeno. Lembre-se que uma simples gota de água sobre uma folha poderá se transformar em uma lente que potenciará os raios solares e poderão queimar a folha rapidamente.

É importantíssimo ter uma rotina bem definida para a aplicação de adubos. Lembre-se que as orquídeas não recebem esta quantidade elevada de nutrientes na natureza. Uma das consequências do exagero na aplicação de adubos é a salinização do substrato, podendo causar a interrupção do desenvolvimento das raízes e, consequentemente, da planta. Alguns defendem que uma adubação mensal é mais que suficiente e uma periodicidade maior causaria estresse à planta. Eu sou meio suspeito para dizer algo sobre isto, pois minhas adubações são semanais, porém em doses homeopáticas. Vai de cada um, acredito eu.

Outro problema, não menos importante, é o fator rega. Irrigação excessiva pode ser um fator de estresse para a planta. Se a drenagem for insuficiente, o acúmulo de água será fatal.

Prevenção

Eis algumas dicas que, embora simples, podem contribuir para evitar o aparecimento de doenças:

  • Manter telados, estufas e piso completamente limpos, tanto em relação ao meio ambiente, quanto às plantas;
  • Evitar ter nesses locais outras plantas ornamentais de pequeno ou médio porte, árvores ou arbustos. Eles são hospedeiros e futuros vetores para a transmissão de doenças e pragas;
  • Muito importante: mantenha o entorno do orquidário limpo. Cuide com orifícios, desníveis no solo, acúmulo de lixo, buracos na parede, pilhas de vasos velhos, xaxim usado, tudo que servir de abrigo para insetos e como depósitos de esporos de fungos;
  • Limpar as bancadas com escovas, água e sabão, fazendo uma lavagem geral. Em seguida, pinte com pasta fungicida. Há algumas receitas para isto, como por exemplo: 1 quilo de fungicida, 1 quilo de cal virgem queimado, meio quilo de inseticida em pó molhável a 50% para 10 litros de água. Outra forma de limpar a bancada é usando hipoclorito de cálcio, numa solução aquosa a 10%. Também há outros produtos à base de cloro, estes encontrados facilmente no mercado, que podem ser utilizados para a desinfecção das bancadas;
  • Cultive espécies ou híbridos adequados ao clima predominante de sua região, proporcionando às orquídeas melhores condições possíveis em termos de cultivo (luz, água, adubação, umidade relativa, ventilação e substrato). Isto evita que as plantas fiquem estressadas por terem condições vegetativas insatisfatórias, que são um convite ao ataque, tanto de pragas como doenças;
  • Procure adquirir plantas isentas de doenças aparentes e em bom estado de cultivo. Cuidado com aqueles presentes de um ou dois bulbos traseiros;
  • Mantenha as plantas recém adquiridas afastadas do restante da coleção, por algum tempo (por exemplo, 6 semanas), até ter certeza que não portam doenças ou pragas. Faça pelo menos um tratamento contra doenças nestas plantas durante este período;
  • Faça uma inspeção detalhada de suas plantas, no mínimo uma vez por mês;
  • Se surgirem problemas nestas inspeções, aja rápido, para evitar que o problema assuma proporções epidêmicas no orquidário, após o que, o combate se torna caro e incerto;
  • A adequada ventilação do ambiente é ponto crucial no controle da maioria das doenças causadas por fungos e bactérias, que, em sua maioria, são transmitida pela água parada nas folhas e no substrato;
  • Utilize fungicidas e bactericidas quando necessário. Nunca aplique fungicidas sistêmicos de forma preventiva. Sempre alterne entre produtos, de modo a evitar o surgimento de resistência.

Referências

  • aoc.org.br
  • orquidario.org
  • aorquidea.com.br
  • orkideas.com.br

Abraços!

Legado das Águas

0

Há alguns meses vivi uma experiência diferente no Legado das Águas e gostaria de compartilhá-la com vocês por causa de um motivo muito nobre: conscientização e conservação. Em maio de 2017, participei de um evento teste em um local chamado Legado das Águas, situado na Reserva Votorantim, Tapiraí, São Paulo. O evento era um workshop sobre orquídeas, ministrado pelo Biólogo Luciano Zandoná.

Bom, antes de mais nada, este texto é sobre muitas coisas, menos sobre o workshop sobre orquídeas. Prefiro pensar que este é um relato de uma pessoa acostumada com a cidade grande que, mesmo vivendo em um local com muitas plantas, queria passar por uma experiência diferente das vividas no dia a dia.

Estava eu de férias, querendo bater perna por algum local onde pudesse respirar um pouco daquele viciante ar de floresta. A oportunidade surgiu com uma postagem que por acaso vi no Facebook sobre o tal do workshop. Olhei no mapa, vi a distância e me animei: não era muito longe para uma viagem de final de semana, apenas uns 300 km de Curitiba.

Inscrição feita, deparei-me com o primeiro problema. O workshop começava no sábado cedo. Para chegar no sábado cedinho, teria que sair muito cedo de Curitiba, afinal, seria uma viagem de pelo menos 4 horas. Questionei os organizadores sobre a oportunidade de ir na sexta à tarde e fui prontamente atendido. Foi então que pensei: “Bacana, duas noites no meio do nada ao invés de uma!”. Claro que o desconhecido faz nossa imaginação aflorar e pensei de tudo um pouco, afinal, estamos falando de um local que realmente fica incrustado no meio de um restinho de Serra do Mar, mas estava muito animado com a experiência.

Enfim, peguei a estrada seguindo as direções que me passaram, imaginando chegar no final da tarde de sexta no local. De certa forma, meu cálculo foi correto, cheguei à reserva no final da tarde. O que errei foi o fato que, uma vez dentro da reserva, eu teria que andar mais 40km em estrada de pedra/terra até à base do Legado das Águas. Claro que isto não seria problema nenhum, mas a Mãe Natureza resolveu me desafiar a colocou uma tempestade ameaçadora se aproximando no horizonte. Tempestade, noite, estrada de chão, meio da floresta: pensei que não seria uma boa me perder ali logo no meu primeiro dia. Fui em frente, torcendo para chegar antes da tempestade.

No fim, deu tudo certo. Foi extremamente prazeroso andar no meio da mata, passando por rios, represas – foram 4 no caminho à base. Em todas você passa por pontes que te dão uma visão bem ampla das barragens. O caminho passa por algumas vilas que abrigam os funcionários – e suas famílias – das usinas quando estão em serviço no local. Tudo simples mas muito organizado. A estrada é boa e mais uma coisa me chamou a atenção: a sinalização. Por todo o caminho há placas avisando da presença de antas na região. Porém, algumas placas são pretas, com a imagem de uma anta branca. Na hora não entendi o motivo, mas depois veio a explicação: há uma anta albina no parque. Nada mais justo que a sinalização indique isso, oras!

Enfim, 40km depois, cheguei à base, estacionei o carro, entrei no alojamento para procurar o pessoal e BUM!, eis que a tempestade desabou com força. Em poucos minutos acabou a energia. A situação de isolamento e quietude, além da momentânea ausência de energia, resultou em uma sensação de paz que não lembro de ter sentido anteriormente. É uma situação que a grande parte das pessoas não está acostumada. Hoje somos bombardeados por todo tipo de estímulos modernos, principalmente eletrônicos. Estar no meio da Serra do Mar, contemplando a mata e a montanha, observando e escutando a chuva, respirando um ar muito mais puro, faz muito bem. E assim fiquei até a hora de me recolher ao alojamento, sem antes provar uma jantinha mais do que caprichada que já estava pronta no refeitório quando cheguei.

No dia seguinte acordei cedo, antes dos demais, e fiquei zanzando pela base. A sensação ao andar ali, em meio a mata, com a luz do dia, é indescritível. A mesma sensação de paz que tive na noite anterior é acrescida de outra difícil de explicar, mas que remete muito ao sentido de nossa existência. É impossível ficar indiferente àquilo e não pensar na vida como um todo, e no sentido de tudo. A amplitude da natureza nos faz perceber o quão pequenos somos, sensação essa que não sentimos, ou pelo menos eu não consigo sentir, mesmo estando na selva de pedra da cidade. Confesso que bate uma vontade de largar tudo e viver em meio à natureza, infelizmente interrompida pela razão e o fato que tenho responsabilidades que não posso abrir mão.

Minha primeira parada foi ao lado do refeitório, onde os passarinhos faziam a festa comendo as frutas colocadas ali para eles. Fotografei, filmei, observei e apreciei o espetáculo. Continuei minha caminhada e fui ao complexo de estufas onde os pesquisadores fazem a reprodução de mudas de espécies locais para reintrodução na natureza. Tudo muito organizado, que me fez ter vergonha do meu pobre orquidário em casa. Em uma das estruturas há um telhado verde, onde várias espécies estão plantadas e contribuem para a neutralização dos efeitos da construção abaixo, além de deixar o ambiente dentro dela muito mais agradável. Ao lado do complexo de estufas está um dos focos de meu interesse: o orquidário do local. Uma estrutura muito bem bolada, bastante úmida, onde várias espécies de orquídeas repousam como objeto de estudo ou aguardando reintegração na mata. Um espetáculo! Não fiquei muito por ali, afinal, não sabia até onde poderia explorar sem supervisão.

Voltei ao alojamento e, após um belo café da manhã, andei mais um pouco pelo Legado em busca de alguns participantes perdidos no caminho. Por fim, voltamos à base, conheci todos os participantes do workshop e lá fomos nós para o evento em questão. Como disse, o foco deste texto não é o workshop em si, mas não posso deixar de comentar o quão proveitoso foi. Ouvir as experiências de quem convive diariamente com orquídeas, lutando por sua preservação, é uma grande lição de vida. Enfim, para resumir, é claro que a parte teórica da coisa valeu muito. Além do material exposto em sala, fizemos um passeio pelas instalações e pude ver com mais detalhes aquilo que havia sondado logo cedo pela manhã, desde o viveiro de mudas até o orquidário.

Na hora do almoço, mais uma bela refeição. Em seguida, voltamos às atividades do workshop. Após mais uma parte teórica, novamente fomos ao orquidário e tivemos uma aula in loco sobre as plantas, além de uma análise sobre o mal que a retirada indiscriminada das plantas de nossas florestas ocasiona em nossos biomas. Além disso, pudemos aprender bastante sobre a reserva em si, como é feita a conservação do local, como são direcionados os estudos ali na reserva, como é feita a interação entre natureza e os humanos que ali habitam. Uma aula sensacional de consciência e conservação, além de respeito à natureza e sua magnitude.

Jantei, conversei um pouco com o pessoal e me recolhi para dormir. Na minha mente já havia um plano: acordar mais cedo e filmar a passarinhada que logo cedo se deliciava com as frutas que ficavam próximas à cozinha. Dito e feito, acordei cedinho, ainda com aquela névoa de serra pairando no ar, posicionei a câmera e deixei a natureza fazer sua parte. O resultado é este:

O dia seguinte foi voltado ao deslumbre das belezas naturais do local. Ao contrário do dia anterior, que alternou entre períodos nublados e de chuva, o domingo estava com um sol esplendoroso. Aproveitei para conhecer um ponto muito interessante do Legado, a Trilha Poço do Cambuci. A trilha é destinada à observação de animais e plantas, sendo que após cerca de 800 metros visitante encontrará um pequeno poço de captação de água. Na trilha é possível ver uma grande variedade de orquídeas, além dos rastros das antas que habitam o complexo. Para tornar a visita mais interessante, havia a missão de replantar algumas orquídeas resgatadas no parque. Dei sorte, pude fazer o ciclo completo: achei uma árvore caída com uma e pude realocá-la em uma árvore próximo ao local onde ela estava originalmente.

Aqui, abro um parênteses para um detalhe que faz toda diferença: os sons da natureza. A variedade de sons proveniente da mata era imensa e, ao mesmo tempo, relaxante. Soma-se a isso o oxigênio limpo que estava respirando e temos uma provável definição da palavra paraíso.

Almocei e fui para a última parte da aventura: um passeio de barco pelo rio Juquiá. Não esperava por esta parte da aventura e curti bastante. Descemos até o rio e após uma breve explicação de segurança, lá fomos nós. O intuito ali era ver a mata intocada e suas árvores centenárias (e gigantescas). Claro que foi possível ver orquídeas no caminho, além de vários animais. Mas o grande barato foi realmente o passeio. A imensidão do rio naquele ponto por causa da represa logo adiante nos faz pensar na imensidão dos elementos na natureza e como somos pequenos neste imenso universo. A reflexão é profunda e prazerosa. Terminamos o passeio em uma pequena cachoeira, mas não entramos no rio porque naquele momento já estava novamente nublado e chuvoso.

Voltamos à base e aí já era o momento de dizer adeus. Depois de dois dias de muito aprendizado e contato com a natureza, era hora de partir. Algo certamente havia mudado em mim após aquela experiência, apesar de, no momento, não saber ao certo o que era. Peguei novamente os 40km de estrada até a rodovia e fui pensando. No caminho, parei em uma das represas para registrar algumas fotos. Novamente o Sol estava presente, a tarde estava linda. Aquele ar, aquela paz, aquela vista. Não queria sair dali. Mas fui em frente. Saí da reserva e pouco antes de Juquiá a natureza ainda me presenteou com uma composição e cores que há tempos não via, um belo entardecer com a Lua já visível de dia.

Fui para casa satisfeito. E mais, estava tentado a ajudar de alguma forma no projeto do Legado. Ainda não sei como nem quando, mas certamente vou querer ajudar de alguma forma a conservação deste pedaço de paraíso.

Se quiser saber mais sobre o local, acesse legadodasaguas.com.br

Abraços!

Como eu faço as plaquinhas de identificação das minhas orquídeas

0

Aproveitando as perguntas que recebi recentemente sobre como faço as plaquinhas de identificação de minhas orquídeas, eis um vídeo mostrando o que uso e como faço.

Materiais necessários:

  • Rotuladora;
  • Abraçadeira;
  • Tesoura.

Com isto, você terá uma plaquinha de identificação duradoura, resistente ao tempo, Sol e chuva, além de ser muito mais legível do que uma escrita à mão.

Também escrevi há algum tempo atrás um artigo sobre isto, que você pode ler aqui!

Abração!

Como começar a cultivar orquídeas

10
Pleurothallis purpureoviolacea

Muitas vezes me deparo com pessoas que tem dificuldades ao cultivar orquídeas e acabam desistindo por isso. Outras se conformam que vão matar as plantas e fazem isso sem ao menos tentar buscar conhecimento para tentar evoluir, e isso é muito triste.

Quando comecei na orquidofilia matei inúmeras orquídeas. As causas eram várias: ambiente inadequado, cultivo incorreto, rega equivocada, adubação ineficiente e por aí vai. Mas eu tinha muita dó das plantas e isso me fez buscar conhecimento. Comprei livros, li muito sobre o assunto, conversei com pessoas com mais experiência, tentei até participar da associação da região – que infelizmente não deu certo até agora pois a diretoria lá é amadora, para não dizer outra coisa.

Busque sempre conhecimento. Isso faz você entender o que pode ou não ser feito e quais limitações você ter, seja de ambiente, espaço, região, clima, ou qualquer outro fator que possa influenciar no seu cultivo.

Dito isso, se você está disposto a começar, é bom entender alguns aspectos básicos que podem ajudá-lo a ter sucesso mais rapidamente. Antes de mais nada, saiba qual orquídea você está tentando cultivar. Sabendo seu gênero e espécie você poderá pesquisar sobre a planta e saber mais sobre suas necessidades de luz, água, substrato, nutrição, ventilação e temperatura.

Luz

A luz é fundamental para o crescimento correto de sua orquídea. Você poderá ter plantas lindas, mas que nunca florescem. Isso pode ser justificado pela ausência de luz. Não é porque as orquídeas vivem em florestas que elas não precisam de luz. É justamente o contrário: as orquídeas evoluíram como epífitas para aproveitar a maior quantidade de luz disponível na floresta alta.

Mas quanta luz é o suficiente? Depende muito de cada espécie, por isso é bom saber que planta você está cultivando. Muitos se baseiam na quantidade suficiente para ter a planta sem que ela se queime. Você pode fazer isso de outra forma, testando quantidade de luz até que a folha da orquídea apresente uma colocação correta. Em resumo, as orquídeas não devem ter folhagens verde-escura e exuberantes. Se cultivadas sob luz suficiente, terão uma folhagem mais clara, um pouco verde-amarelada e um forte crescimento vertical.

Ar

Já falei isso algumas vezes aqui no site: as raízes são a parte mais importante da orquídea. Por esta razão, ventilá-las é fundamental. Orquídeas sem raízes arejadas, salvo algumas variedades terrestres, morrerão facilmente. Aliás, a planta toda é sensível ao fato de não haver ventilação suficiente no local, portanto, tenha sempre em mente que a orquídea não poderá estar em um local totalmente fechado, sem circulação de ar. Na pior das hipóteses, pequenos ventiladores podem ser utilizados para isso, se o ambiente não for propício. Muitos orquidófilos de regiões extremamente frias utilizam este tipo de artifício para poder ter determinadas espécies. Lembre-se sempre de a orquídea precisa de ar e umidade suficiente para suas necessidades.

Água

É muito mais fácil você matar uma orquídea afogada do que de sede. Este talvez seja o motivo pelo qual mais se mata orquídeas: o excesso de água. Uma orquídea irrigada em excesso terá suas raízes comprometidas e, consequentemente, a planta toda será afetada. Infelizmente, não há uma regra para regar suas orquídeas, visto que cada pessoa possui uma quantidade e uma variedade diferente de espécies, mantidas muitas vezes em ambientes totalmente diferentes (leia-se quantidade de ar e iluminação disponível, além da temperatura), cultivadas em vasos e substratos diferenciados. Como estabelecer um padrão desta forma? Infelizmente não tem como, tudo dependerá da sua percepção. Na pior das hipóteses, um dedo inserido na mistura de envasamento pode ser a melhor ferramenta para determinar o quão seca sua planta está.

Ao regá-las, de vez em quando faça-o copiosamente. Já falei sobre isto em outro artigo aqui no site, mas não custa lembrar: dê um bom banho em sua planta e vaso. Desta forma, além de suprir sua necessidade de água, você estará eliminando os sais que ali se acumulam, principalmente os provenientes da adubação. Ou seja, é bom fazer isso periodicamente.

Fertilizante

As orquídeas crescerão e florescerão, desde que suas outras exigências sejam atendidas, por períodos razoavelmente longos sem fertilizantes. Porém, você obterá melhores resultados com algum nível de alimentação para sua planta. Normalmente, as plantas são fertilizadas uma vez por semana durante o verão e a cada duas semanas no outono e inverno. Independentemente do fertilizante que você escolheu usar, os produtores mais experientes não usam mais que ½ da dosagem recomendada pelo rótulo. Ah, e a propósito, é melhor regar primeiro para molhar o substrato antes de fertilizar, como já falei em outro artigo aqui do site.

Os fertilizantes usados ​​em orquídeas devem conter pouca ou nenhuma uréia. Isso ocorre porque os organismos do solo devem primeiro converter o nitrogênio na uréia em uma forma utilizável pelas plantas e, como as orquídeas não crescem no solo, essa conversão não ocorre de forma eficiente.

Cápsulas e sementes de orquídeas

0

Sementes de orquídeas? Mas todos pensamos sempre nas flores quando pensamos em orquídeas, certo?

Errado.

Comercialmente, muitos pensam naquilo que vem depois das flores, ou seja, os frutos. Neste caso, cápsulas que contém centenas de sementes microscópicas, prontas para serem levadas pelo vento e iniciarem a aventura da vida.

Há uma questão muito forte de hibridização também, afinal, é gerando estas sementes depois de uma mistureba de espécies que temos híbridos tão belos.

Enfim, é a continuação da vida, de uma forma ou de outra. Aliás, nem sempre significa que planta está bem, pode significar seu último suspiro, tentando a sobrevivência… mais escreverei mais depois que acertar tudo no novo blog. Estou preparando um artigo bacana sobre sementes e agentes polinizadores. Aliás, no próximo post vou colocar uns vídeos dos meus.

É importante você saber mais sobre sementes (e como não ser engano caso queira lidar com elas). Clique aqui e leia mais!

Se quiser saber mais sobre o processo que vai da semente até a flor, clique aqui!

Por fim, se quiser saber mais sobre o tempo de maturação destas cápsulas, clique aqui!

Abraços!

O fascinante mundo dos Bulbophyllum

8

Bulbophyllum (abreviação Bulb.) é o maior gênero de orquídeas. Com predominância nas Américas (na faixa tropical), África e Ásia. Somente em Papua Nova Guiné ocorrem mais de 500 espécies. Existem cerca de 2500 a 3000 espécies registradas, fora centenas de híbridos criados pelo homem.

São em sua maioria são epífitas, isto é, vegetam em arvores para se desenvolverem sem tirar nutrientes da mesma. Os Bulbophyllum brasileiros vegetam em sua maioria como epífitas e rupicolas, ou seja, vegetam em rochas (veja o artigo sobre orquídeas epífitas clicando aqui e sobre orquídeas rupícolas clicando aqui).

Origem do nome

A palavra Bulbophyllum procede da latinização das palavras gregas: βολβος, que significa “bulbo”, “tubérculo”, “raiz carnuda”; e φύλλον, que significa “folha”, aludindo à forma bulbosa das folhas da primeira planta descrita, que tinha folhas grossas. O termo foi criado em 1822 por Thouars.

Quem foi Thouars?

Louis-Marie Aubert Du Petit-Thouars que foi um grande botânico francês. Nasceu em Boumois dia 5 de novembro de 1758 e faleceu em Paris dia 11 de maio de 1831.

orquideas-eco-br-thouars
Louis-Marie Aubert Du Petit-Thouars
  • Thouars veio de uma família aristocrática da região de Anjou (ou Anju – uma antiga província francesa correspondendo à atual região de Maine-et-Loire). Cresceu no “Castelo de Boumois“, perto de Saumur;
  • Em 1792, após uma prisão de dois anos durante a revolução francesa, ele foi para o exílio em Madagascar e ilhas vizinhas. Ele recolheu muitos espécimes em Madagáscar, Maurício (em francês, Mauritius, país a leste de Madagascar), e nas ilhas Reunião (em francês, îles de la Réunion) – grato pela correção, Marina. Dez anos mais tarde, volta para França, com 2.000 plantas. Grande parte de sua coleção foi para o Museu de Paris, enquanto algumas estavam em Kew (Royal Botanic Gardens, Kew Reino Unido – Inglaterra);
  • Em 10 de abril de 1820 foi eleito membro da Académie des Sciences;
  • Ele foi um pioneiro em botânica com trabalhos e descrevendo as orquídeas da região: 52 espécies provenientes da Mauritânia e 55 de La Réunion;
  • No ano de 1822 é lançado o livro Histoire Particulière des Plantes Orchidées, abreviado Hist. Orchid., onde é descrito o Phyllorkis thouars (atualmente Bulbophyllum nutans).
orquideas-eco-br-bulbophyllum-nutans2
Bulbophyllum nutans – fonte: orchidspecies.com
Bulbophyllum nutans – fonte: orchidspecies.com

Como reconhecer um Bulbophyllum?

  1. Bulbos ovoides, alguns raramente achatados, outros cilíndricos;
  2. Frequentemente apresentam rizoma bastante longo crescendo de forma desordenada com bulbos bem espaçados;
  3. Seu aspecto é bastante desarrumado e muitas espécies apresentam crescimento cespitoso (termo botânico que se refere ao modo como algumas plantas crescem lançando novos brotos ou caules de maneira aglomerada, geralmente formando uma touceira ou espesso tapete);
  4. Em geral são unifoliadas, saindo folhas na base superior do bulbo. Existem bifoliadas e ainda folhas teres (cilíndricas), Ex.: Bulbophyllum rupiculum;
  5. As flores tem o labelo móvel, que se movimenta com qualquer brisa, assim facilitando a polinização principalmente em flores menores.
orquideas-eco-br-bulbophyllum-rupiculum
Bulbophyllum rupiculum

Dimensões

Há uma grande variação de cor, tamanho e na forma das flores e das plantas. As folhas de alguns Bulbophyllum podem medir apenas alguns centímetros, como o Bulbophyllum moniliforme.

orquideas-eco-br-bulbophyllum-moniliforme
Bulbophyllum moniliforme

Já outros podem apresentar folhas com mais de um metro como o Bulbophyllum fletcherianum.

orquideas-eco-br-bulbophyllum-fletcherianum
Bulbophyllum fletcherianum

A dimensão das flores varia de milímetros à 40 centímetros. Em algumas espécies, a flor é solitária. Em outras, a haste floral tem forma de uma mini espiga. Por fim, há aquelas cuja haste termina em forma de “leque”.

Seções

Devido a grande quantidade de espécies que o gênero abriga, os Bulbophyllum são divididos em 78 seções. Cada seção abriga grupo de Bulbophyllum com características similares para facilitar o seu estudo e entender melhor a grande riqueza de variedades que existe.

Sestochilus

A seção Sestochilus é uma das mais chamativas e discutidas das seções. Neste grupo os Bulbophyllum têm bulbos de bom porte em rizomas rastejantes de uma folha por bulbo e quase sempre uma flor, raramente duas ou três por inflorescência. Alguns exemplos:

orquideas-eco-br-bulbophyllum-lobbii
Bulbophyllum lobbii – Foto e cultivo: Marcelo Invernizzi
orquideas-eco-br-bulbophyllum-coweniorum
Bulbophyllum coweniorum
orquideas-eco-br-bulbophyllum-uniflorum
Bulbophyllum uniflorum – foto e cultivo: Marcelo Invernizzi

Cirrhopetalioides

A seção Cirrhopetalioides apresenta plantas com uma folha por bulbo. Suas flores são unidas a um ponto central de sua haste lembrando um guarda chuva ou um leque. Por exemplo:

orquideas-eco-br-bulbophyllum-longissimum
Bulbophyllum longissimum
orquideas-eco-br-bulbophyllum-lepidum
Bulbophyllum lepidum
orquideas-eco-br-bulbophyllum-medusae
Bulbophyllum medusae

Megaclinium

Na seção Megaclinium, a haste floral lembra uma vagem ou até mesmo a forma espiral do modelo usado para representar a forma do DNA. Por exemplo:

orquideas-eco-br-bulbophyllum-falcatum
Bulbophyllum falcatum – foto da internet
orquideas-eco-br-bulbophyllum-purpureorachis
Bulbophyllum purpureorachis – foto da internet

Aroma

Outra característica marcante dos Bulbophyllum quando floridos é o odor de carne putrefata. A razão disto é simples: sobrevivência. As mal cheirosas, como o Bulbophyllum basisetum, Bulbophyllum phalaenopsis, Bulbophyllum echinolabium, habitam locais onde não existem pássaros ou insetos como abelhas polinizá-las. Para se multiplicarem, a solução encontrada pela natureza foi desenvolver um odor que atraíssem moscas que se alimentam de carne morta.

orquideas-eco-br-bulbophyllum-echinolabium
Bulbophyllum echinolabium
orquideas-eco-br-bulbophyllum-phalaenopsis
Bulbophyllum phalaenopsis
orquideas-eco-br-bulbophyllum-basisetum
Bulbophyllum basisetum – foto da intenet

Embora sejam poucos, existem os inodoros, como o Bulbophyllum crassipes.

orquideas-eco-br-bulbophyllum-crassipes
Bulbophyllum crassipes

Por fim, há os perfumados, como o Bulbophyllum lilacinum e seu agradável aroma de maçã, o Bulbophyllum ambrosea com cheiro de mel, o Bulbophyllum elassonotum com o aroma de de azeite e o híbrido Bulbophyllum Kalimpongum, com perfume de bagaço de cana.

orquideas-eco-br-bulbophyllum-kalimpongum
Bulbophyllum Kalimpongum
orquideas-eco-br-bulbophyllum-lilacinum
Bulbophyllum lilacinum
orquideas-eco-br-bulbophyllum-ambrosea
Bulbophyllum ambrosia
orquideas-eco-br-bulbophyllum-elassonotum
Bulbophyllum elassonotum

Híbridos

A produção de híbridos artificiais de orquídeas vem ocorrendo há mais de um século. Estima-se que sejam hoje mais de cem mil híbridos. A Royal Horticultural Society é responsável pelo registro oficial de híbridos, no entanto, a produção doméstica e por pequenos produtores locais é bastante grande e só pequena parte destes híbridos caseiros é registrada, de modo que o número total de híbridos já produzidos pelo homem permanecerá sempre apenas uma suposição. De acordo com as regras do Código Internacional de Nomenclatura de Plantas Cultivadas, os híbridos de espécies de um mesmo gênero são sempre classificados com nomes pertencentes ao mesmo gênero – Roberto Martins.

Existem cerca de 200 Bulbophyllum híbridos registrados. Alguns deles podem florescer inúmeras vezes no mesmo ano. Alguns exemplos:

orquideas-eco-br-bulbophyllum-sunshine-queen-orange
Bulbophyllum Sunshine Queen ‘Orange’ (mastersianum x corolliferum)
orquideas-eco-br-bulbophyllum-cindy-dukes
Bulbophyllum Cindy Dukes (rothschildianum x putidum)
orquideas-eco-br-bulbophyllum-emily-siegerist
Bulbophyllum Emily Siegerist (Elizabeth Ann x lasiochilum)
orquideas-eco-br-bulbophyllum-fascination
Bulbophyllum Fascination (fascinator x longissimum)
orquideas-eco-br-bulbophyllum-guttulatum-x-rothschildianum
(guttulatum x rothschildianum)
orquideas-eco-br-bulbophyllum-krairit-vejvarut
Bulbulbophyllum Krairit Vejvarut (longissimum x phalaenopsis) – foto e cultivo: Marcelo Invernizzi
orquideas-eco-br-bulbophyllum-louis-sander
Bulbophyllum Louis Sander (longissimum x ornatissimum)
orquideas-eco-br-bulbophyllum-meen-garuda
Bulbophyllum Meen Garuda (lasiochilum x echinolabium)
orquideas-eco-br-bulbophyllum-nudda
Bulbophyllum Nudda (longissimum x putidum)
orquideas-eco-br-bulbophyllum-s-y-n-ignis-draconis
Bulbophyllum S. y N. Ignis Draconis = Dragão de Fogo (Emily Siegerist x putidum) Hibrido registrado em 2014 na Argentina – foto da internet

No próximo artigo da série sobre Bulbophyllum, compartilharei com vocês algumas dicas de cultivo. Abraços!

Redes Sociais

24,425FãsCurtir
8,527SeguidoresSeguir
1,379SeguidoresSeguir
955SeguidoresSeguir
8,960InscritosInscrever
- Advertisement -
- Advertisement -

Leia mais