A paixão pelas orquídeas

Chega um determinado momento neste hobby que paramos e pensamos: afinal, como chegamos aqui?

Não nascemos com o gosto pelas orquídeas definido. Aprendemos a gostar desta planta através das experiências, muitas vezes infrutíferas, que temos. Provavelmente, na maioria dos casos somos induzidos por outras pessoas a iniciar o desejo do saber, do conhecer, do aprender com esta espécie.

No meu caso foi mais ou menos assim.

Não me lembro exatamente quando, ganhei uma Cattleya amarela e vermelha. Logo em seguida, uma rosa. Ali foi plantada uma sementinha que demorou um pouco para brotar. Perdi a Cattleya amarela, mas a rosa tenho até hoje. Ela nunca se recuperou dos anos de maus tratos que tive com ela. Aliás, maus tratos é modo de dizer. Ela simplesmente ficou abandonada durante anos, só lembrada quando florescia. Mas cá ela está, ainda lutando para viver. Não sei ao certo o que fazer com ela, afinal aparenta sempre estar doente. Mas sei que na época certa ela vai florescer. A Mãe natureza é sábia.

Como muitos aqui sabem, meus hobbies incluem outras atividades. Gosto de fotografar, sou um amante fervoroso do automobilismo, gosto muito de pássaros e aquários. Do automobilismo, tenho que me contentar com esparsas corridas de kart. Dos pássaros, tenho a desilusão de ter perdido um grande amigo, uma Marianinha de cabeça laranja, que depois de quatro anos comigo, fugiu na semana seguinte ao nascimento do meu filho. Do aquarismo, tento manter a chama viva, com um aquário de Ciclídeos Africanos e o laguinho que tenho no orquidário. Mas já tive marinhos, doces de todos os tipos, até criação de camarões ornamentais. Por fim, da fotografia tenho o prazer de fotografar a natureza. Com as orquídeas, juntei os dois hobbies que mais gosto.

Longe de ser um fotógrafo que preste, que produza imagens interessantes. Mesmo assim, fotografar minhas plantas se tornaram uma atividade paralela que me dá muito prazer, tanto que é que penso em investir mais nisto no futuro. No momento, só posso ajudar aqueles que, como eu, possuem equipamentos de medianos a horríveis e querem fazer uma imagem bacana. Aliás, isto será fruto de um post quando eu terminar a reforma e os posts sobre o novo orquidário.

Mas afinal, por que toda esta ladainha? Para dizer que sou apaixonado pelas orquídeas? Sim, todos somos. Se você não tivesse interesse, não estaria aqui no meu site lendo este texto. Se você está aqui, é porque busca informação. Uma informação que muitas vezes é omitida. Uma informação que muitas vezes é difundida erroneamente na internet, palco onde qualquer um escreve o que quiser, mesmo não estando correto. E eu me incluo nisto. Como mestre, sei que a informação é valiosa, mas mais valiosa ainda é saber a procedência dela. Notem que sempre coloco a fontes em meus artigos. É assim que todos deveriam agir, consultando fontes idôneas e citando-as para futuras consultas.

Não que eu seja uma fonte idônea. Longe disto, tento ajudar da forma que posso com a experiência que adquiri nos últimos anos. Acho que evolui um pouco, pelo menos agora sei o nome de algumas plantas. Antes era engraçado chegar nos lugares e ouvir aquele monte de nomes e não fazer ideia do que estava sendo dito.

Mas, novamente, por que toda esta prosa? Paixão, meu amigo. A mesma paixão que me motiva a cuidar de minhas plantas. A mesma paixão que faz com que eu estude, busque novas informações, converse com outras pessoas, teste novas ideias. A mesma paixão que motivou este blog, para passar o pouco de conhecimento que adquiri. A mesma paixão que faz com que você esteja aqui, procurando informações, querendo o melhor para suas plantas.

Esta paixão não é de hoje. Não é minha, não é sua. É de toda humanidade.

As orquídeas têm fascinado os homens por mais de dois mil e quinhentos anos. Foram utilizadas no passado em poções curativas, afrodisíacos, para decoração e ocuparam grande papel nas superstições. Orquídeas são citadas pela literatura antiga e retratadas pela arte chinesa desde o décimo século antes de Cristo. Há pinturas do começo de dinastia Song, entre 960 e 1127 que retratam estas plantas. Possivelmente a primeira publicação exclusivamente sobre orquídeas é uma monografia de sobre a cultura extensiva de destas plantas, no final da dinastia Song, entre 1128 e 1283. Pelo trabalho percebe-se que seu cultivo estava já bem estabelecido na China por esta época. Na Europa existem registros do período clássico grego, cerca de 300 AC. Antes dos Espanhóis conquistarem o México, a fruta de Tlilxochitl, uma espécie de Vanilla, era a mais estimada dentre as especiarias astecas. Este povo admirava também as Coatzontecomaxochitl, Stanhopea, como flores sagradas as quais cultivavam em seus jardins.

Antes de introdução de espécies exóticas na Europa, as orquídeas eram há muito cultivadas como plantas de jardim. A primeira orquídea introduzida na Europa foi um exemplar de Brassavola nodosa que chegou na Holanda em 1615. Em 1688 desembarcaram as Disa uniflora vindas da África do Sul.
Provavelmente devido à sua supremacia, diversas coleções importantes formaram-se na Inglaterra durante o século XIX. Em 1818 chegaram os primeiros exemplares de Cattleya labiata provenientes do Brasil, causando grande sensação e reforçando ainda mais o interesse pelas espécies tropicais destas plantas. Com o advento dos primeiros vistosos híbridos, no final do século XIX, o interesse por novas plantas provenientes dos trópicos diminuiu um pouco por algumas décadas, até que o interesse científico pela descrição de novas espécies no início do século XX, aumentasse a coleta de plantas e seu envio à Europa, principalmente para jardins botânicos e amadores interessados na recomposição de suas coleções.

Como podemos notar, não somos os primeiros. Longe disto. E nem seremos os últimos. O que temos que fazer é curtir este gosto que possuímos e, respeitando a natureza, prover cuidados para que nossas plantas desenvolvam, não apenas sobrevivam.

Referência

http://pt.wikipedia.org/

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