Semanas atrás eu recebi, na “minha casa”, especificamente no “meu orquidário” duas estimadas senhoras, residentes no bairro. “Não sei como”, mas elas ficaram sabendo que eu “vendia orquídeas”… Mas, não é bem assim: eu cultivo orquídeas, antes que qualquer coisa. Mas vamos lá: convidei-as a entrar.
– Olha que bonita! Disse, uma delas , ao ver as duas flores da Slc. Golden Acclaim Richella (a mais preferida para se ter mudas, pelas duas senhoras, naquele momento).
Eu afirmei: – Nesse tempo não é muito bom, somente algumas estão floridas! Observando que, ainda portavam com flores, o Catasetum uncatum, o macrocarpum, o osculatum moreno, o Solenidium lunatum, o Oncidium Twinkle ‘Wine Red’. Mas elas, mal escutaram e já iam entrando e descobrindo mais alguma beleza: nas estruturas, nas folhas, nas flores, da Denphal alba e da ekapol, da Pleurothallis pectinata, da Polystchacya estrellensis e de outras de menor expressão, que eram “apenas do meu campo de visão”.
Aí vieram umas perguntas sobre o melhor vaso para cultivo, sobre a frequência das regas etc. Uma das senhoras me disse que possuía uma de “palhas” estendidas que a princípio ela nem sabia que era uma orquídea. Eu adverti que podia se tratar de uma Brassavola perrini, que produzia pequenas flores, mostrando-a, a se desenvolver sobre um tronco de árvore; ela concordou que sim. Mas seu desejo era ter mais e mais, tendo se agradado do Catasetum macrocarpum e das Denphal alba e ekapol, tendo contado muito o fato de estarem floridas, naquela ocasião.
Já a outra mulher disse que queria uma muda daquela maior, se referia ao Cyrtopodium polyphyllum e que, posteriormente, escolheria outras mudas, principalmente quando comprasse os vasos (iria até a cidade de Arapiraca) em busca de vasos de argila (os que melhor recomendei).
Eu fiquei pensando: – Como elas são espertas! Eu ficava me recolhendo para não dizer os reais nomes das orquídeas, para tantos, nomes difíceis de pronunciar, mas elas não se encantavam por nomes, o encanto vinha das flores e também das folhas… enfim, da composição da orquídea. Por fim, ficou assim acertado: separaria algumas mudas para ambas, a depender dos vasos que elas trouxessem. Passou quase uma semana e, num dia, quando retornei do trabalho, lá estavam na área de casa, seis vasos (três para cada senhora).
Especificamente, uma das mulheres, que aparentava (assim como a outra) saber pouco sobre orquídea, escolheu mudas de duas das maiores – entre outras de tamanho expressivo – que possuo: um Cyrtopodium e um Denphal; elas não seriam bobas de adquirirem orquídeas pequenas, frágeis, incomuns, dada a inexperiência com o cultivo das mesmas… Seria ainda burrice sair dali com mudas de orquídeas, sem saber o que se fizesse com elas, pois, ficou claro, elas queriam mudas em conta, mas que já saíssem dali devidamente plantadas, ou seja, terão comprado partes das minhas orquídeas, porções do meu substrato e finalmente a força do meu trabalho, enquanto produzo para a satisfação de outrem, eis o alheamento!
Alguns dias depois elas retornaram, mas eu ainda não havia feito as mudas, pois, além de realizar os cortes, deveria acondicioná-las nos respectivos vasos e, na ocasião, me faltava substrato suficiente. Elas, então, me perguntaram se eu não poderia arranjar uma mudas menores, de menor expressão, pois elas haviam encomendado outros suportes, para orquídeas, de um determinado “artesão”. Eu sinalizei que sim; compensaria a “dura espera” pelas orquídeas plantadas, ofertando-lhes algumas pequenas mudas.
E no cume, o aviso: – vamos ficar vindo aqui sempre, ouviu! (risos)…